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O famoso Hiking no Vulcão Acatenango

O pacote completo

Procurando por uma atividade em Antígua, encontrei esse famosíssimo hiking: são 2 dias, dormindo num acampamento perto do topo, de frente para o Vulcan del Fuego, um dos mais ativos da América Central, para assistir o mesmo em atividade, de dia e de noite, madrugar no dia seguinte e seguir até o topo do Acatenango, o vulcão mais alto da Guatemala e um dos mais altos da América Central para ver o sol nascer! Demóis!!! E para completar, não era caro. Pesquisei na internet e os preços variavam de 700u$ até 125 Quetzais. Sim, variava tanto assim. Por isso fomos nas agências locais, pesquisamos e pechinchamos. A média de preços ficou entre 150 e 200 Quetzais, e o mesmo pacote oferecido: Nós temos que levar roupas de frio extremo (não importa a temperatura que esteja em Antígua), entre 3L e 4L de água por pessoa, lanches extras de preferência calóricos para suprir o corpo do esforço físico, altitude,etc. Teríamos que levar também o colchonete, saco de dormir e a barraca – compartilhada e dividida suas partes entre o número de ocupantes, que varia conforme a quantidade de pessoas no grupo. A agência fornece o equipamento, o guia e um pouco de comida – que descobrimos depois que nós também carregaríamos. Sendo assim, escolhi a agência que dizia servir uma “sopa” de jantar e que afortunadamente nos deu um desconto, fechando por 130Q$/pp. Uma pechincha!! (*a sopa era um macarrão instantâneo de copo que no topo do vulcão, em frente a fogueira e no frio, parecia um consommé de legumes…).

Vista do Vulcan del Água

O clima perfeito para uma escalada

Os dias não andavam muito convidativos para se escalar um vulcão, eu admito. Chovia sem parar há dias, o céu estava quase que 90% do tempo nublado há vários dias e não tinha previsão de melhora em nenhum site, o que muito provavelmente significaria um esforço em vão de se chegar ao acampamento e não se ver nada, ou ainda de não seguir ao cume na manhã seguinte, pois vários relatos dizem que se amanhecesse muito nublado os guias não levam ao cume pelo perigo de sair a noite já que não se pode enxergar nada… nem o próprio caminho! Além dessas condições ambientais, nós não temos mochilas de hiking, o que também dificulta para poder levar todo o equipamento necessário e aguentar firme e forte as 5h de caminhada íngreme numa montanha com pelo menos 6kg extras no lombo. E acreditem, o Lú fez questão de me lembrar disso tudo de hora em hora antes e depois de efetuarmos a compra do pacote. Inclusive ele estava tão a fim de fazer o hiking que saiu a pesquisar sobre os “desastres” no vulcão, descobrindo que em Janeiro/2017 seis jovens morreram de hipotermia no Acatenango (porque foram sem guia, acamparam no cume onde é extremamente frio, no auge do inverno, sem roupas apropriadas quando infelizmente teve uma queda de pressão naquela noite, fazendo com que a temperatura despencasse, a chuva inundou suas barracas e eles não conseguiram suportar o frio – hoje há um refúgio construído no topo do vulcão em função desse triste acontecimento), e que o vulcão Acatenango não é considerado extinto, e sim adormecido, já que sua última erupção foi em 1972. Ou seja, ele pode acordar.

Lanche depois de algumas horas caminhando
Primeira erupção que visualizamos
Pausa para descansar e curtir a vista


 

 Sempre em frente

Ainda assim segui os planos e arrumei as duas melhores mochilas que tínhamos, separei uma corda e um extensor para levar e com eles poder amarrar os equipamentos nelas, nos munimos de chocolates, castanhas e 3L de água para cada um, lanterna, meias, camisetas extras, tocas, luvas e casacos de frio extremo (Cata querida, mais uma vez, obrigada pelo presente do casaco pra neve, foi essencial!!). Ah, e para completar, na noite antes do hiking acordamos de madrugada com um terremoto. Forte e longo. Tudo tremeu, saímos do quarto meio sem saber o que fazer, atordoados, esperando sei lá o quê! Depois que parou, o coração a mil, tentando dormir, seguimos sentindo outros pequenos tremores – que vim a descobrir serem bons esses rebotes pós-tremor, mas na hora foi pura tensão. No dia seguinte o Cristian, gerente do hostel, nos disse ter sido um tremor de pelo menos 6 graus na escala Richter e que uma cidade próxima chegou a ter edificações destruídas.

Terremotos na véspera da escalada

 

Quase no acampamento base, com a vista das erupções do Vulcan de Fuego
Chegamos no acampamento
Acampamento montado!
Jantando nossa sopa
Tá servido?

 

 

Quer saber mais sobre nosso Hiking no Grand Canyon? Clique aqui!!!

 A sorte grande

Nesse clima super convidativo, fomos pro hiking!! Eu admito que depois de fazer a trilha Inca, tenho uma queda por hikings. Arrastei o Lú para dois nos parques nacionais americanos, que foram suaves. E esse seria intenso, de superação física e emocional-nervosa pelo jeito! Mas para mim, valeria a pena só de ir fazer o passeio!! Já pro Lú, tudo era um programa de índio (índio Maia segundo ele). Mas não é que a minha cabeça dura deu resultado?! E coloco um crédito ao Reiki a distância que minha amigona Lu Presa fez pra mim, a meu pedido – diante das condições, precisava apelar a forças maiores, porque eu já não as tinha. E não choveu durante TODO nosso hiking, tivemos diversas erupções do vulcão durante o dia e a noite – uma visão espetacular, não teve terremoto (assunto constante na subida entre nosso pequeno grupo de escaladores), a neblina dissipou diversas vezes a noite e vimos não só as luzaes da cidade da Guatemala e os povoados próximos cercados por vulcões, como pelo menos 4 ou 5 erupções com lavas vermelhas jorrando do Vulcan del Fuego bem a nossa frente. Foram tantas erupções, que conseguimos inclusive captar uma, mesmo sem o equipamento mais adequado para isso… E na manhã seguinte, em função da noite clara (choveu a noite, mas bem pouco e já estávamos na barraca – confesso que passamos um pouquinho de frio, até o Lú, mesmo dormindo com nossos casacos para neve), acordamos 3:30 da madrugada e as 4:15 ja estavamos subindo rumo ao topo, e chegamos aos 3976m de altitude, a cratera do Vulcão Acatenango!!!

Nosso grupo reunido para o jantar
Quando escurece se pode ver a lava nas erupções!!
As luzes das cidades
Lindo, não?

Também fizemos Hiking pelo Bryce Canyon nos Estados Unidos!!!

 

 Óbvio que valeu a pena!

Foi incrível. Tivemos sorte demais em todos os momentos e em tudo relacionado ao hiking!! Até no nosso grupo, que além de ser pequeno – apenas 6 pessoas mais o guia (outros chegam a ter grupos de 20 pessoas) – todos eram pessoas bacanas!! Nos unimos em solidariedade a cada desafio, animando o outro a não desistir. Quando um ficava muito para trás, esperávamos. Ajudamos e fomos ajudados. A Tina, a outra menina do grupo, por saber que não teria forças, pagou para um carregador extra levar sua mochila, e ainda assim, acabou nos ajudando carregando nossa barraca em uma parte da escalada, e na volta, meu casacão atado a sua cintura. O Richie quase desistiu de ir ao cume de manhã, mas de novo, a Tina estava ali enchendo ele de ânimo a seguir em frente. Gracias, Tina! Foram difíceis as duas etapas da escalada. O terreno é bem íngreme, no início é selva, úmido e escorregadio, e depois a altitude começa a fazer efeito, o peso nas costas, as pernas… Sair as 4h da madrugada para ver o nascer do sol, e sem comer nada, fez eu me sentir enjoada, tive ânsias, me senti fraca e tonta. Dava 10 passos e parava para retomar forças em todo corpo, não apenas ar. Assim seguímos, bem devagar. Mas valeu muito a pena. Fomos presenteados com um espetáculo da natureza. E o Lú adorou!!!Que sorte!! Demoramos uns 3 dias para nos recuperar da dor nas panturrilhas e coxas, e deixar de sentir a existência de tantos músculos do nosso corpo, mas valeu cada dorzinha. Eu já estou pensando no próximo!!!

A caminho do topo ao amanhecer
Vamo que vamo!

 

acima das nuvens!
Sente…
Chegamos no topo e olha o sollll!!!
nosso grupo e nosso guia no topo do Acatenango
Valeu meu parceiro!!! Foi incrível!!
Puro sorrisos

 

No fim, ele adorou!!!

 

 PS: Cuidado nunca é demais

Depois do Hiking pesquisando sobre o mesmo e a tragédia ocorrida, vimos que o fato de não ter regulamentações para fazê-lo é o que o torna perigoso. Crianças, idosos, asmáticos, qualquer um pode ir, não é exigido guia, suprimentos básicos, experiencia ou qualquer equipamento mínimo de segurança. O que não é nada legal, porque não é tão fácil, várias pessoas desistem, passam mal, e o pior, vão em condições precárias. Nâo tem água no caminho, o hiking é puxado e é muito complicado qualquer resgate. Nós compartilhamos nosso água e biscoitos com uma menina de outro grupo que estava passando mal, mas não conte com isso. Assim, nossa dica é, mesmo sem ser exigido pelas leis da Guatemala, faça como nós: use uma agência, com um ou mais guias experientes do local, e vá suprido de tudo e mais um pouco do que eles recomendam.

Descendoooo
Mais uma erupção pra vocês!

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